O ensino de filosofia para jovens nos dias atuais parece ganhar importância quando viabiliza a produção de conceitos que proporcionam a resolução de seus problemas. Isso quer dizer que devemos pensar o ensino de filosofia de forma que os alunos, em contato com seus conteúdos, consigam ser capazes de desenvolver a habilidade de refletir e problematizar as questões que lhes são expostas. Tudo isso com o intuito de construir seus próprios conceitos, seus próprios pensamentos.

Dessa forma, a filosofia deve ser apresentada aos jovens não como um conjunto conhecimentos ou doutrinas acessíveis apenas aos gênios, mas como um posicionamento perante o real e, portanto, pertencente a eles. E é exatamente com este sentido, que as aulas de filosofia devem ser direcionadas para o incentivo da produção filosófica, assim como é realizada pelos filósofos. Isso faz com que o professor de filosofia no papel de filósofo propicie, no espaço escolar, o uso da disciplina em questão para a criação de parâmetros filosóficos que transmitam para os educandos a capacidade de compreender a si mesmo e ao mundo de forma original e autônoma.

Contudo para aguçar a curiosidade nos jovens e conduzi-los a postura reflexiva da realidade é necessário que o professor acima de tudo possua habilidade e conhecimento, pois as visões de mundo que os alunos do nível médio trazem conseguem, com raras exceções, costuma ser o oposto de uma postura indagadora e reflexiva. Assim, a porta de entrada para o ingresso no âmbito filosófico tem de ser a problematização da experiência por eles vivida e a apreensão do real, de modo que se explicite algo que ele ainda não consegue perceber por conta própria.

            Sabendo disso e após a definição do tema filosófico a ser discutido, pode-se promover uma primeira aproximação, ainda pré-filosófica, empregando recursos e materiais que sejam familiares e do interesse do estudante, como por exemplo, música, trechos literários, filmes, jogos etc. E é nessa perspectiva que os materiais didáticos ganham importância no processo ensino-aprendizagem se caracterizando como uma alternativa viável para favorecer a construção do conhecimento do aluno, conhecimento este, que tem início desde a escolha até a efetivação do mesmo em sala de aula.

            Baseado em tal proposta, surge a ideia da utilização de jogos de tabuleiro pelos bolsistas do PIBID e professora de Filosofia da E.E.F.M.Tiradentes, como a possibilidade de criar o diálogo entre o conteúdo ministrado e o aluno de ensino médio da disciplina de Filosofia. Já que a natureza dos jogos se centra na interatividade, a proposta foi então executada durante a V FECEART – Feira de Ciências e Artes da instituição já citada, tomando como ponto de partida uma palestra com a temática: Mitologia Grega, ministrados minutos antes de sua execução pelo Prof. Me. José Roberto Cunha Cardoso da Universidade Federal do Cariri – UFCA. Criou-se um jogo de tabuleiro, nomeado pelos bolsistas de Tabuleiro Mitológico, cujo objetivo era avaliar a apreensão do conteúdo pelos ouvintes, bem como a recepção dos mesmos diante da metodologia empregada. Após duas partidas cada uma realizada com quatro alunos, podemos perceber o quanto o uso deste recurso surte efeito positivo no que se refere ao processo de ensino aprendizagem, pois, diante dos jovens que procuram interatividade e fugir, por assim dizer, do ensino tradicional ainda oferecido pelas escolas do Brasil.

            Todavia é importante ressaltar, que esse recurso pode e deve ser utilizado no processo educativo, mas não a ponto de se tornar algo constante, devendo ser atrelado sempre às aulas expositivas e a outros exercícios. Se nos limitarmos aos jogos, reduziríamos as aulas de filosofia apenas a essas motivações iniciais, culminando numa possível banalização e/ou descaracterização da reflexão filosófica e ainda resultando numa possível ausência do envolvimento dos estudantes na criação de seus próprios conceitos.

            E é nesta perspectiva que a referente pesquisa visa avaliar a utilização e resultados pedagógicos do jogo de tabuleiro no ensino de filosofia buscando conhecer a adesão dos jovens estudantes e o seu crescimento no tocante a assimilação de conteúdos e desenvolvimento de habilidades e competências pertinentes ao estudo da disciplina de Filosofia no nível do ensino médio.