Corpo: a performance do poder e o antipoder na performance

Carla Cavalcante Batista

Resumo


O corpo representa hoje um desafio político importante. A partir de Michel Foucault podemos analisar tais processos do corpo como dispositivo do poder. O poder se exerce sobre os corpos dos indivíduos por meio de um controle e de uma vigilância. Vivemos cada vez mais em uma sociedade disciplinar. Há uma perseguição dos corpos.                             O que pode o Corpo? O que não pode o Corpo? O poder se exerce sobre o corpo em dois procedimentos: disciplina e regulamentação. Um poder disciplinar que impõe gestos, atitudes, usos, repartições de espaços e restringe os movimentos dos indivíduos nos espaços.  O corpo na cidade vai se tornando dócil e útil. Esses espaços tem os corpos dos indivíduos como subjetividades excluídas. Tais corpos só se tornam úteis sob a pressão da disciplina aplicada com o objetivo de controle e vigilância. A sociedade faz do homem um corpo-maquina, sem sujeitos nem afetos, uma concepção totalmente moderna cartesiana de pensar o corpo, de excluir o corpo. O mercado do corpo o transforma em um acessório, uma prótese marcada pela negação da subjetividade. As cirurgias estéticas o tornam uma mercadoria – um corpo-costurado. A performance é uma linguagem artística que utiliza o corpo como forma poética de criação, expressando as questões que a sociedade impõe sobre ele. Ela conduz o corpo para além da biopolítica   Na performance, o corpo é uma escrita viva. Ele traz em si as marcas dos preconceitos e do conservadorismo, que excluem a alteridade e a diferença. Os artistas da performance trabalham com o corpo como obra de arte em perigo. Na performance, ele é o material, o suporte que reivindica e revela modos inéditos de criação. Ser o que se é torna-se uma representação de si. O homem contemporâneo é convidado a construir um novo corpo, em um modo de comunicação e de se colocar no mundo. Essa reinvindicação de si por parte do artista, ele é um ser em trânsito, em relação, em fluxo. A representação é uma forma de se libertar para se reinventar e se colocar no mundo. O sujeito, o ser-no-mundo é uma construção constante de uma instância de conexão, um objeto transitório e sustentável de muitos emparelhamentos.       

Última alteração
28/09/2017