Monitoria de Introdução em Saúde e Espiritualidade na Semiologia Médica: Um relato de experiência

Daiane Lima Silva

Resumo


A monitoria de Introdução à Saúde e Espiritualidade em Semiologia Médica foi instituída na Faculdade de Medicina (FAMED), da Universidade Federal do Cariri (UFCA), no ano de 2016, vinculada à Liga Acadêmica de Saúde e Espiritualidade do Cariri, destinada a ofertar ao estudante do 4º semestre competências em abordar o paciente de forma holística e humanizada. Este período é considerado pelos acadêmicos como um divisor de águas entre o ciclo básico e o ciclo clínico do curso, uma vez que o aluno tem pela primeira vez o contato direto com o paciente e suas necessidades.

A Semiologia Médica é o estudo dos sinais e sintomas das doenças humanas. O exame semiológico corretamente realizado evita a solicitação de exames complementares, que podem ser dispendiosos ou inacessíveis, de forma que 80% dos diagnósticos podem ser revelados apenas com a coleta da história clínica, que é composta pela primeira parte, entrevista do paciente, chamada de anamnese, seguida pela execução do exame físico.

A anamnese requer do acadêmico a habilidade de ouvir e assimilar o que tem repercussão no processo de saúde e doença, com o registro necessário dos dados coletados e, ao mesmo tempo, demonstrar interesse e respeito pelo entrevistado, necessitando de uma boa relação médico-paciente.

Neste contexto, este projeto tem como um dos propósitos principais ofertar a este acadêmico ferramentas para uma abordagem ao paciente para além dos aspectos tradicionais (físico, social e psicológico) da história clínica, com a inclusão da dimensão espiritual, complementando o treinamento teórico-prático realizado no módulo. Assim, a introdução desta atividade na graduação da FAMED objetiva contribuir com a formação do estudante, embora em outras escolas médicas do país ainda existam uma lacuna deste tema na construção da história clínica, de forma a negligenciar a influência da espiritualidade e religiosidade no processo de saúde e doença.

Apesar desta iniciativa, infelizmente, parece existir preconceito sobre esta abordagem dentro da Academia, tanto por parte dos docentes, como dos discentes, podendo retratar desconhecimento do real significado de espiritualidade, cujos conceitos vão muito além de religião e religiosidade, e, sim, no que se refere ao sentido da vida do indivíduo, de forma que necessita ser investigada na história clínica.

Existe um cuidado especial em relação a dimensão espiritual quando falamos de cuidado paliativo, uma vez que este representa uma área de atuação da saúde que visa fornecer maior qualidade de vida ao paciente portador de doença crônica, progressivamente debilitante, e que necessita de um adequado controle da dor e dos sintomas, incluindo uma abordagem em sua família.

Dessa forma, uma das maneiras de preparar o estudante para lidar com esta condição, é promover um treinamento humanizado, com respeito e adequado acolhimento, já na graduação, uma vez que o aluno está vivendo um processo de construção de sua aprendizagem, com aquisição de competências (habilidades, conhecimento e atitudes) necessárias para o cuidado integral do paciente.


Última alteração
02/10/2017