GESTÃO E SUSTENTABILIDADE NAS ORGANIZAÇÕES: O CASO DA SECRETARIA DE RECURSOS NATURAIS E MEIO AMBIENTE DA PREFEITURA DE BARUERI, SP.

Beatriz Trostli Costella, Liége Mariel Petroni

Resumo


As organizações diante da necessidade de inovação e sobrevivência no mercado e em um mundo cada vez mais conectado e sistêmico, acabam muitas vezes não priorizando uma gestão que contemple a sustentabilidade, com o envolvimento de todos os agentes sociais nos seus processos. O relacionamento com os stakeholders é possível com o estímulo ao comprometimento, a participação e a motivação de todas as partes envolvidas, contemplando o alinhamento da estratégia, por meio do empoderamento (empowerment), da responsabilidade e da autoridade, de acordo com a atividade de cada pessoa.

Existem diferentes interpretações sobre o conceito de empoderamento. Para Slack et al. (1997) o empoderamento é a distribuição de autoridade às pessoas da organização visando facilitar as mudanças no trabalho e também na forma como ele é desempenhado. Dessa forma, a organização deverá alinhar o comportamento das pessoas, a estrutura organizacional e a estratégia formulada a fim de atingir o objetivo definido (PETRONI et al. 2012). Para Hamel e Prahalad (1995), a organização precisa desenvolver uma estratégia coletiva, que exige do corpo gerencial postura mais cooperativa e menos competitiva em relação aos seus pares e a administração participativa é uma maneira singular de se obter espírito cooperativo na organização.

As organizações ao inserir a sustentabilidade na formulação de suas estratégias deverão contemplar o equilíbrio entre as variáveis econômica, social e ambiental, as quais compõem o que Elkington (1994) denomina de resultado tridimensional da sustentabilidade, o triple botton line. A organização sustentável, para Holliday, Schmidheiny e Watts (2002), deve ir além do modelo de retorno sobre os ativos financeiros e de criação de valor para os acionistas e clientes. Também envolve o sucesso da comunidade e dos stakeholders.

Segundo Petroni, Aulicino e Afonso (2012), existem quatro tipos de gestão: departamental, multidepartamental, interdepartamental e a transdepartamental. Para estes autores a gestão transdepartamental é a mais difícil de ser encontrada entre as organizações, já que requer a participação de todas as partes envolvidas no seu alinhamento estratégico. Entretanto, é a estrutura mais propícia para a sustentabilidade, em razão, principalmente, de seus valores. Cabe a organização, então, dar atenção ao mapeamento dos agentes sociais, pois será necessário a participação dos mesmos, caso ela objetive a mobilização e a condução por mudanças. 

Diante deste novo contexto, a gestão pública deve estar comprometida com seus colaboradores, seus valores e pautada na sustentabilidade.  Este estudo tem como objetivos verificar: (i) as práticas sustentáveis que a Secretaria de Recursos Naturais e Meio Ambiente da Prefeitura de Barueri comtempla na sua estratégia e, (ii) o tipo de gestão existente nesta organização.

A pesquisa é caracterizada como um estudo de caso de natureza qualitativa e exploratória. O estudo de caso é definido por Yin (2004) como uma estratégia de pesquisa para o estudo de fenômenos sociais complexos, visando a obter significativas características de um determinado contexto. A pesquisa é qualitativa, de acordo com a definição de Vergara (2011), trata de pesquisa direcionada a compreender o significado que os entrevistados atribuem às questões, impossibilitando a quantificação das informações obtidas e, normalmente, sem o auxílio de instrumentos estatísticos para a análise dos dados. A realização do estudo foi por meio de entrevistas e aplicação de questionário composto de questões abertas e fechadas. Foram entrevistados 34 funcionários. Complementarmente, os dados secundários foram coletados a partir de pesquisa bibliográfica e documental.  Os dados foram analisados a partir da técnica de análise de conteúdo, segundo Bardin (2004).

Dentre os resultados encontrados, é possível mencionar que a Secretaria não possui missão explicita e formalizada a todos os funcionários, além de valores difusos entre os departamentos e que não são amplamente divulgados. A sustentabilidade não está inserida nas práticas e objetivos em todos os departamentos da Secretaria, pois quando isto acontece é em apenas alguns destes, onde o líder faz questão de incluí-la no planejamento de sua área. É constatado a centralização de decisão e o não compartilhamento de informações, internalizadas em uma área ou departamento, demonstrando, assim, um tipo de gestão departamental. Este tipo de gestão é corroborada mais ainda quando, cada departamento tem o seu objetivo ao invés de considerar o objetivo maior que é o da organização.

A organização pesquisada em sua gestão considera a existência de interlocutores e participantes sociais relevantes e ativos, reforçando o sentimento de corresponsabilização e de constituição e divulgação de valores éticos, com 76% dos entrevistados afirmando de que a Secretaria possui valores explícitos. Com relação a autonomia concedida aos funcionários, a organização apresenta pontos positivos, já que 97% dos entrevistados concordam que a mesma concede autoridade aos seus funcionários. No entanto, a organização necessita dar feedback aos funcionários sobre seu desempenho, pois 50% dos entrevistados, mencionaram que poucos gestores dão retornos de maneira esporádica.

Referências

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Trad. L. A. Reto e A. Pinheiro. Lisboa: Edições 70, 2002

ELKINGTON, J. Towards the sustainable corporation: win-win-win business strategies, for sustainable development. California Management Review, 1994.

HAMEL, Gary e PRAHALAD, C.K. Competindo pelo Futuro. Rio de Janeiro: Editora Campus, 1995.

HOLLIDAY, C.; SCHMIDHEINY, S.; WATTS, P.  Walking the talk:  the business case for sustainable development.  Sheffield:  Greenleaf Publishing; 2002

PETRONI, L. M. ; AULICINO, A. L. ; AFONSO, Carla W. . O empoderamento e sua contribuição para o alinhamento estratégico da organização com sustentabilidade. In: XIV Encontro Nacional sobre Gestão Empresarial e Meio Ambiente (ENGEMA), 2012, São Paulo. XIV Encontro Nacional sobre Gestão Empresarial e Meio Ambiente (ENGEMA), 2012, 2012.

PETRONI, L. M.; AULICINO, A. L.; AFONSO, C. W. ; AULICINO, P. Gestão de Pessoas e Sustentabilidade nas Organizações . In: 3º Transformare 2012, Piracicaba. III SEMINÁRIO TRANSFORMARE, 2012.

SLACK, N.; CHAMBERS, S.; HARLAND, C.; HARRISON, A. & JOHNSTON, R.: Administração da Produção. São Paulo, Atlas, 1997

VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e Relatórios de Pesquisa em Administração. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3. ed. São Paulo: Bookman, 2004.

 

 

 

 

 


Apresentação
Última alteração
15/09/2015