Educação a distância no campo de públicas: a trajetória da Escola de Governo Paulo Neves de Carvalho da Fundação João Pinheiro
Resumo
Embora o senso comum associe a Educação a Distância – EaD, como algo dos dias atuais, devido, em grande parte, ao fato do ensino, nesta modalidade, ter ganhado mais destaque com a difusão das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s) modernas, o seu uso é datado desde o século XVIII, e sua evolução passou pelo uso de mídias impressas, rádio, vídeo, satélites, até chegar à Rede Mundial de Computadores, a Internet.
Em toda essa trajetória, a EaD sempre se pautou pelo objetivo de proporcionar o oportunidades de aprendizagem a um contingente cada vez maior de pessoas que não são capazes de obtê-las em meio físico/presencial, bem como para que essa aprendizagem tenha uma qualidade cada vez mais aprimorada.
Dado os objetivos buscados pela EaD, seu uso permite que o setor privado consiga qualificar melhor a sua mão-de-obra e, consequentemente, oferecer produtos e serviços de melhor qualidade. Tal premissa também vale para o setor público, que necessita oferecer serviços de melhor qualidade a cidadãos cada vez mais exigentes e atentos às ações dos servidores públicos, sendo esta a principal motivação para o emprego da EaD no setor público do Brasil e outros lugares do mundo.
No Brasil, a EaD vem sendo adotada desde o início do século XX, quando foram disponibilizados os primeiros cursos por correspondência, que faziam uso de material impresso. Desde então foram desenvolvidos projetos que empregavam o rádio, videoaulas, até chegar à Internet, que proporcionou a expansão da EaD para uma gama maior de aplicações e públicos.
Considerando a relevância da EaD na sociedade atual, a Fundação João Pinheiro vem buscando, por meio do Núcleo de Educação a Distância (NEaD), implantar e consolidar tal modalidade de educação, visando principalmente a expandir a experiência de ensino da Escola de Governo Professor Paulo Neves de Carvalho (EG) para outras regiões do estado de Minas Gerais.
Diante disso, o presente trabalho objetiva relatar e refletir sobre a trajetória da implantação do Ensino a Distância na Escola de Governo Professor Paulo Neves de Carvalho da Fundação João Pinheiro – EG/FJP. Ressalta-se que tal esforço faz-se importante por se tratar de experiência inovadora para esta entidade, que conta com mais de 20 anos de reconhecida qualidade no ensino, em nível de capacitação e treinamento, graduação, especialização e mestrado, voltados para o setor público.
Diante desta reflexão central, tais objetivos específicos foram delineados:
- Descrever e refletir sobre algumas experiências em EaD no Brasil e no mundo, seus resultados e aplicações;
- Descrever o histórico da Escola de Governo nesta área;
- Delinear as possibilidades do uso da EaD na expansão das atividades multidisciplinares da Escola de Governo, auxiliando ampliação das atividades, especialmente na área da gestão de municípios e na capacitação de servidores;
- Verificar como o uso da EaD pode possibilitar um maior intercâmbio entre a Escola de Governo e outras instituições de ensino e pesquisa.
O estudo do tema se torna relevante à medida que a utilização da EaD abre as seguintes possibilidades: expansão dos serviços prestados pela Escola de Governo a outras áreas e para outras localidades, em especial, os municípios do Estado de Minas Gerais; aprimoramento da formação dos servidores, ao oferecer alternativas para a formação continuada; maior interação entre o Estado e os municípios, fazendo com que os planos, projetos e metas estabelecidos pelo primeiro sejam mais bem conhecidos e alinhados no nível municipal, quando adequado, o que ajudaria a solucionar o problema da articulação federativa; proporcionar o intercâmbio de saberes com outras instituições de ensino e pesquisa, o que favoreceria a troca de conhecimentos e experiências.
Para tanto, foram trabalhados conceitos relacionados a aprendizagem e aprendizagem autodirecionada; conceito de educação a distância, seu histórico e diferentes gerações do ensino nesta modalidade; o histórico da EaD no Brasil; educação a distância no setor público: experiências nacionais e internacionais em escolas de governo; trajetória da implantação do ensino a distância na Escola de Governo da FJP.
Como percurso metodológico, foi realizada uma pesquisa de natureza qualitativa que se utilizou de pesquisa bibliográfica, buscando artigos, periódicos, dissertações e livros que tratam da história da EaD e experiências de sua aplicação no campo de públicas.
Foi ainda empregada a técnica de entrevistas estruturadas, realizadas com os responsáveis pelos sistemas de Educação a Distância: da Escola de Governo Professor Paulo Neves de Carvalho; da Escola de Contas Professor Pedro Aleixo, do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE- MG); da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) e do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). O objetivo das entrevistas foi conhecer o processo de implementação da EaD por essas instituições, quais as metodologias utilizadas, cursos ministrados, as possibilidades de uso e de expansão, quais foram as dificuldades encontradas. Para o estudo das respostas dadas pelos entrevistados, foi empregada a técnica de análise de conteúdo, esta consistindo na análise do conteúdo das comunicações por meio de sua separação em categorias sistemáticas.
O conteúdo desenvolvido permitiu uma reflexão que evidenciasse o estado da arte de implantação do EaD na FJP, as etapas necessárias e os pontos críticos do processo.
Através da bibliografia recolhida sobre o tema e das entrevistas realizadas com outras instituições que empregam a Educação a Distância há mais tempo que a FJP, constatou-se que o desenvolvimento e implantação da EaD na FJP tem ocorrido de maneira satisfatória. Entretanto alguns pontos precisam ser melhor explorados, tais como: dar uma ênfase maior no processo de adaptação na transição entre a Educação Presencial e Educação a Distância; consolidar a EaD como uma estrutura própria e independente, com suas metas e visão de futuro; integrar a EaD aos outros setores da Escola de Governo de forma que ela participe do processo de alcance de seus objetivos estratégicos; maior intercâmbio com outras instituições, sejam privadas ou públicas, nacionais ou internacionais, tendo como objetivo identificar em quais áreas a EaD pode ser aperfeiçoada, baseando-se nas experiências dessas instituições.