Esse trabalho é um relato de parte de uma pesquisa, ainda em curso, acerca da música de rabeca da comunidade Cachoeira do Fogo, no município de Independência, no Estado do Ceará. A pesquisa iniciou-se em 2014 como proposta apresentada à Especialização em Cultura Popular, Arte e Educação do Campo – Residência Agrária (UFCA/CNPq/INCRA/PRONERA) e, atualmente, é financiada pelo Fundo Estadual de Cultura, após aprovação em seleção no X Edital Ceará de Incentivo às Artes da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, e, conta também com duas Bolsas de Cultura da PROCULT/UFCA. Esse eixo da pesquisa tem o objetivo de investigar as iniciativas de ensino do instrumento rabeca. Como Metodologia foi realizada uma pesquisa-ação, fundamentada pelos trabalhos de Engel (2000); Thiollent (2004) e Tripp (2005). A coleta de dados se deu por levantamento bibliográfico acerca do ensino de rabeca (LIMA, 2001; 2004; 2008; ALIVERTI et al., 2007; FIAMINGHI, 2009; GRAMANI, 2009; MARTINS; LIMA, 2010; ALIVERTI, 2011; SANTOS, 2011 e DAMASCENO, 2014), além de entrevistas realizadas com os rabequeiros Jeferson Leite, Samuel Furtado, Roberto Damasceno e com os pesquisadores Oswald Barroso e Roderick Santos. Esses dados serviram de base para a realização de uma ação junto à Orquestra de Rabecas do Assentamento Cachoeira do Fogo, denominada aqui pela sigla ORACF. Na ação foi experimentada uma proposta de “Cifra Numérica” para o ensino de rabeca junto às atividades práticas da orquestra, a partir do plano de estudo: 1) Apresentação da Cifra Numérica; 2) Exercícios de leitura em diversas escalas; 3) Exercício de escrita com a música Asa Branca (duas vozes); 4) Exercício com a leitura e execução da segunda voz do arranjo; 5) Ensaio do novo arranjo e 6) Avaliação. O experimento foi avaliado ressaltando a facilidade de leitura e escrita, embora uma das limitações percebidas foi a necessidade de se trabalhar com músicas previamente conhecidas do grupo, uma vez que não existem indicações de ritmo.