A ÉTICA DA VERDADE EM LACAN E FOUCAULT A PARTIR DA PERSPECTIVA DAS PRÁTICAS DE SI

Cícera Ferreira Sousa, Jonathan Sales da Silva, Regiane Lorenzetti Collares

Resumo


Esta pesquisa voltou-se à prática psicanalítica, formulada por Lacan, e à retomada do cuidado de si, em Foucault, na medida em que se encontraram em suas inflexões como éticas da verdade. As questões do cuidado de si da cultura antiga são apresentadas por Foucault como condição de acesso à verdade, constatando-se o delineamento de um cuidado que se dá na expressão da verdade e em que se articula um princípio ativo de autoconstituição, capaz de empreender um curto-circuito nas teias de saber e poder que determinam modos de existência. Por sua vez, investigamos como a ética da psicanálise se radicaliza na questão da relação entre sujeito e verdade, ultrapassando qualquer conhecimento do "bem" ao se vincular ao desejo. Desta forma, destacam-se os seguintes resultados: - o acesso à verdade, seja na psicanálise como no cuidado de si da antiguidade, está intimamente ligado às possibilidades de transformação do sujeito na contracorrente de qualquer utilitarismo e ajuste social; - as possibilidades de transformação do sujeito, no cuidado de si da antiguidade, se conectam a uma relação que envolve exercícios espirituais, uma conversão a si, numa função mais crítica do que formadora, um princípio incondicionado, uma regra aplicável a todos sem nenhuma condição prévia e sem nenhuma finalidade técnica, profissional ou social, de forma consonante, na psicanálise, envolve o enfrentamento do desejo, sem a promessa de cura ou felicidade, uma prática de constante ressignificação do sujeito marcado pela falta; - relação com um mediador, um outro, um amigo, um mestre, para se empreender o cuidado de si, e, quanto à clínica psicanalítica, o vínculo entre analista e analisando é fundamental para o acesso à verdade, assumindo o analista a posição de um sujeito suposto saber; - estabelecimento de um enfrentamento da distância entre aquilo “o que é dito e o que não é ainda, ou talvez, é jamais dito” e nisso se daria os efeitos éticos do enfrentamento da verdade pelo sujeito.


Texto completo: PDF
Apresentação
Última alteração
15/10/2017