I Encontro Nacional de Ensino e Pesquisa do Campo de Públicas

Para compreensão do objeto de estudo, é imprescindível entender o campo de públicas, área em que o curso de Administração Pública está inserido. Sendo considerado hoje um espaço de discussão multifacetado, devido a sua diversidade de fundamentação epistemológica, este campo vem se estruturando de maneira representativa no Brasil. Campo de Públicas é uma expressão utilizada por professores, pesquisadores, alunos, profissionais e dirigentes de cursos diversos, para designar a área de atuação do curso de administração pública, que compreende “o campo multidisciplinar de investigação e atuação profissional voltado ao Estado, ao Governo, à Administração Pública e Políticas Públicas, à Gestão Pública, à Gestão Social e à Gestão de Políticas Públicas.”. (DCN. p.1). Sendo considerado por Pires (2014) como um campo de ensino e pesquisa que se desenvolve nas ciências sociais aplicadas e nas humanas, voltado para assuntos de interesse público, com vistas ao desenvolvimento socioeconômico sustentável. Os pesquisadores da área desejam tornar manifesto a diferenciação entre administração empresarial e administração pública, já que, no Brasil, não tem sido muito clara, (Ibidem). Por isso a abrangência da expressão campo de públicas permite, não somente diferenciar o que seria a administração pública, mas também englobar as diversas denominações dos cursos da área. Atualmente, a discussão sobre o campo, suas implicações e afirmação enquanto ciência tem gerado a necessidade de articulação dos pesquisadores. Diversos encontros e fóruns têm sido realizados no país, como o Encontro Nacional da Divisão de Administração Pública da Anpad (EnAPG), o Encontro Nacional dos Pesquisadores em Gestão Social (Enapegs), entre  outros.  Nesse contexto de reafirmação do campo como área de estudo científico, desenvolveu-se a necessidade de formular as Diretrizes Curriculares Nacionais do Campo de Públicas, pois, as regras que regiam o ensino nos cursos eram pertinentes à administração convencional.  As DCN’s entraram em vigor em 13 de janeiro de 2014 e servem de base para orientar os planos pedagógicos dos cursos do campo. Este documento tem como princípios fundamentais interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade, como ferramenta para garantir a diversidade em áreas de conhecimento. (Inciso III, art. 1º DCN, 2014). Seus objetivos visam garantir aos egressos, uma formação humana e crítica, capacitando-os para atuação como administradores ou gestores públicos. (DCN, 2014, Art. 3º ). A formação inclui conteúdos relacionados a governos e políticas públicas, contemplando estudos quantitativos e qualitativos, complementares ou especializados, (§ 2º DCN’s ,2014).  O curso de Administração Pública na Universidade Federal do Cariri (UFCA) foi inaugurado em 2011. O PPC encontra-se atualmente em reformulação para atender às exigências das DCN’s do campo de públicas que se encontram em processo de implantação, em todos os cursos da área. A presente pesquisa pode servir de auxílio para a reformulação deste, ao passo que traz qual seria a expectativa profissional do estudante, sendo que o PPC poderá procurar atender a tais, no que tange às necessidades de formação necessárias ao alcance das mesmas. O objetivo é traçar um perfil básico do estudante de Administração Pública da UFCA, e entender quais são as expectativas profissionais dos estudantes, visando confirmar ou refutar a hipótese de que estas expectativas mudam no decorrer do curso, e que há uma diferença na mentalidade dos estudantes ingressos e egressos. Para tanto, utilizou-se como método o estudo de caso; e como técnica de pesquisa a revisão bibliográfica, a partir de autores da área, somado a aplicação de questionário com estudantes do primeiro e sétimo períodos.  Mediante os dados, obtiveram-se diversas informações sobre público-alvo e suas concepções sobre o Campo de Públicas e o curso de Administração Públicas. Foi visto que nas duas turmas elencadas (primeiro e sétimo semestre) a maioria dos alunos é do sexo feminino, com 65% e 43% respectivamente. Quanto à faixa etária, observa-se que no primeiro semestre o maior percentual está localizado entre 17 e 20 anos, enquanto no sétimo semestre a maioria dos alunos possui entre 21 e 24 anos. Sobre as experiências acadêmicas anteriores, foi observado que os 45% estudantes pertencentes ao primeiro semestre concluíram o ensino médio entre 2011 e 2014 e 57% havia cursando outra graduação antes de ingressar no curso de Administração Pública, dentre estes 30% chegaram a concluir a primeira graduação. Já no sétimo semestre, foi visto que 72% dos entrevistados concluíram o ensino médio entre 2005 e 2010 e 36% havia cursando outra graduação antes de ingressar no curso, sendo que 7% concluíram a mesma. Das questões empregatícias, foi visto que na turma do primeiro semestre 60% dos alunos possuem emprego, enquanto no sétimo semestre 78,6% se trabalham. Após serem questionados se conheciam o curso de Administração Pública antes de cursa-lo, 60% dos alunos do primeiro semestre e 14% do sétimo semestre afirmaram que sim, enquanto 40% do primeiro grupo citado e 86% do segundo desconheciam o curso. Sobre o conhecimento prévio do Campo de públicas, 20% dos discentes do primeiro semestre e 29% do sétimo responderam que sim e 65% e 71%, respectivamente, disseram que não. Sobre o conhecimento acerca da Proposta Pedagógica do Curso (PPC), 70% dos educandos do primeiro semestre e 7,69% do sétimo conhecem o documento. No tocante à percepção do curso ao adentrar a academia, os alunos do primeiro semestre possuem expectativas voltadas a formação e ao processo de aprendizagem no ambiente universitário, enquanto os alunos do sétimo relataram que seus anseios estavam relacionados as temáticas da área social e da gestão pública. A área de atuação mais buscada por ambos as turmas é o ingresso em cargos públicos, outras ocupações citadas foram a Administração Publica Estatal, Terceiro setor e Carreira acadêmica. A partir dos dados aqui ilustrados, conclui-se que o perfil e pretensão profissional dos futuros egressos, podem ser possivelmente resultados de uma ação coercitiva da sociedade sobre o indivíduo, quer seja por influências familiares, quer seja pela dinâmica do mercado, entendendo que a sociedade educa o indivíduo, fazendo-o absorver todo o regimento necessário para o bom convívio social.