Xingu continua vivo: o discurso da Sustentabilidade no Complexo Hidrelétrico Belo Monte
Resumo
Este estudo descreve as articulações discursivas estruturadas pelas lógicas de equivalências e diferenças em ações institucionais de sustentabilidade do Complexo Hidrelétrico Belo Monte. O discurso da sustentabilidade depende da cadeia que está associada, uma vez que a cadeia de equivalência que é formada pelo Governo Federal, Ministério de Minas e Energia, Ministério do Meio ambiente, Consórcio Norte e Energia, ANA e FAEPA sustenta o discurso da eficiência econômica, a considerar que a produção de energia a qualquer custo, promovendo graves impactos socioambientais provenientes da construção da usina. A retórica da sustentabilidade aparece como forma de amenizar os desgastes ambientais por meio de medidas tecnológicas tardias e sem garantias, as quais só serão implementadas depois da consumação de fatos como a poluição do rio, inundação de comunidades e escassez de alimento. A hegemonia das práticas discursivas estruturadas em torno da sustentabilidade se constrói por meio de cadeias de equivalência, quando as diversas demandas se juntam em prol de uma única demanda. Já a cadeia de diferença formada pelos índios, Ribeirinhos, ONGs, agricultores e CNBB sustenta o discurso da prudência ecológica e equidade social, pois, dependem da terra e da água para sobreviver. Portanto, a construção da usina simboliza a relação antagônica entre esses agentes.